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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Não Sejamos Anittas!

Este é mais um texto em primeira pessoa. Ttrata-se de um assunto no qual não possuo nenhum distanciamento, já que sou um indivíduo assumidamente gay que defende a bandeira da igualdade. Abordarei, aqui, valores machistas e misóginos que vigoram, principalmente entre os homossexuais masculinos, na comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros).
Atualmente, fomentado pelas grandes mídias de informação, o tópico “machismo” tem recebido grande destaque nos debates sociais, tendo em vista acontecimentos como a discussão entre as cantoras Anitta e Pitty, no programa de TV Altas Horas da Rede Globo. Em uma fala polêmica, Anitta afirmou que a mulher, num paradigma profissional, alcançou os mesmos direitos que os homens e que, atualmente, elas estão exagerando em querer tomar o lugar deles em determinadas situações. Diante de tal fala, Pitty rebateu dizendo que as mulheres não atingiram os mesmos direitos que os homens. Por fim, Anitta refletiu (equivocadamente), segundo as suas observações, que as mulheres não se dão o respeito, em virtude de terem uma abordagem diretiva e sexualmente ativa frente aos homens. Como resposta, Pitty disse que as mulheres não têm que se dar o respeito, mas que os homens devem respeitá-las independentemente de qualquer situação ou atitude.
Ora, são nítidos os problemas no discurso de Anitta. Em primeira instância, podemos identificar a contradição da cantora, pois, se analisássemos isoladamente seu trabalho com a lente machista que vigora em nossa sociedade, concluiríamos que ela também não se dá o respeito. Uma mulher que lança mão de danças sensuais, figurinos ousados e canções que parecem revelar uma (aparente) construção identitária feminina empoderada, emancipada e transgressora, não poderia ter um posicionamento tão conservador e contraditório e sair incólume desse tipo de debate, afinal.
Esse exemplo, no entanto, nos permite deslocar a reflexão acerca do machismo para o universo LGBT, já que, frequentemente, nos deparamos com casos graves de preconceito e segregação dentro de um grupo já marginalizado, como o nosso.
O gays efeminados, as transsexuais, as drag queens, por se apropriarem de signos femininos em sua identidade de gênero ou em sua esfera cultural, são rotulados pejorativamente pela própria comunidade. Assim, são rotineiras as seguintes falas e referências em situações comunicativas cotidianas: “bichinha”, “passiva”, “afeminada”, “trava”, “maricona”, “odeio mulher”, etc.
Podemos inferir, a partir desses casos, um ódio a todo e qualquer índice de feminilidade assimilado por essas pessoas. Quer dizer, em outras palavras, que existe, no âmbito gay, uma forte misoginia e machismo. É relevante destacar, com isso, que os gays (principalmente os masculinos) não estão isentos do machismo corrosivo e nocivo que considera a mulher inferior ao homem, devendo, portanto, elas se subordinarem a eles.
Após essa constatação, não podemos fechar os olhos para tamanho absurdo, pois não deveriam haver hierarquias entre o nosso grupo, considerando que compartilhamos da mesma causa: a luta por direitos civis igualitários em um corpo social héteronormativo e excludente. Com esse tipo de comportamento, além de engrossar a marginalização de conjuntos minoritários, estamos sendo igualmente ignorantes com os nossos companheiros.
Acredito que enquanto não houver essa conscientização e unificação, não seremos uma força capaz de promover mudanças positivas para  nossa comunidade. O gay de voz grossa/ machão/ bombadão não é superior ao gay afeminado e à transsexual. Não sejamos contraditórios, porque, com essa postura, estamos legitimando preconceito e ódio.

Esta é a voz angustiada de um gay que se assusta e não consegue engolir essa realidade. Não dá mais para sermos Anittas.





terça-feira, 16 de dezembro de 2014

#DECOR Lindos Home Offices

Olá, bichas lindas. Tudo bem com as “senhôuras”? Bom, após muito tempo de correria cotidiana e problemas técnicos, eis que voltamos com tudo.
Hoje, o post é pura inspiração, pois, como vocês sabem, além de assuntos que abordam comportamento e cultura, é interesse do *Bicha & Sapatão* trazer dicas inspiradoras de decoração. E para inaugurar essa categoria, elegemos um ambiente bastante funcional e que tem recebido bastante destaque nos últimos tempos: o home office ou, em outras palavras, o escritório dentro de casa.

A seleção de hoje mostra espaços com uma estética mais limpa. Alguns decoradores chamam esse estilo de clean, já que há uma predominância de cores claras, principalmente o branco, pelas paredes, revestimentos e móveis. Esse tipo de decoração é interessante, porque possibilita a pessoa abusar de cores mais ousadas nos objetos que adornarão o cantinho sem causar uma poluição visual. Imaginem só um local de trabalho e estudo carregado de cores fortes? Seria um tanto difícil de se concentrar, não é mesmo?



            Gostamos, em especial, de decorar as estantes com livros, CD’s, DVD’s e bonequinhos (toys), dialogando com variadas referências da cultura pop. Contudo, é válido destacar que o que mais interessa na decoração dos nossos home offices é ter bom senso, saber harmonizar os objetos disponíveis e, acima de tudo, empregar o estilo pessoal ao ambiente. Desta forma, queridos leitores, abusem do clean na hora da decoração. Esperamos ter ajudado com as nossas dicas.
Abraçôncios!



domingo, 7 de setembro de 2014

PRIMEIRO CAPÍTULO


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Depois da aula sobre a estética da criação verbal, fui à biblioteca, precisava de alguns livros para o meu trabalho de conclusão de curso. Lá, após realizar o levantamento bibliográfico indicado pela professora, notei, no final do corredor, um garoto indeciso entre as chamadas de seu “Whats App” e a imponente estante.
 Achei bonito o sorriso daquele menino, que mostrava os dentes com certa moderação e encantamento. Contra a luz longa e amarelada, ele era coroado por uma atmosfera angelical, meio infantil, quase erótica. Fiquei tanto tempo perdido em meu alumbramento que, por algum momento, esqueci dos livros de que eu necessitava.
Excitado e confuso, meus olhos pareciam não me obedecer: anjo, luz, livros, luz anjo. Aquela linda cabeça que pendia discreta ao ler versos de Leminski me tirava do prumo, de certo ficaria lindo com uma guirlanda em flores e os “seus olhos de ressaca”. O que dizer sobre o meu pau duro e latente?
 Lembraria, à noite, do corpo esguio, do “All Star” vermelho, ao derramar meu leite grosso e quente sobre as minhas mãos decididas e o meu fremido descontrolado. Com borboletas no estômago, esqueceria do meu projeto de pesquisa, ao ser assaltado pela imagem do sorriso; do olhar que não se perdeu em mim.
Saí de lá reflexivo acerca dos arroubos afetivos que eu andava sentindo naquele semestre. Não saberei, nem com muita análise, quais eram os motivadores de tal comportamento. Só sei que os meus pecados ortodoxos não se alinhavam ao recente falecimento da vó Augusta.
Permaneci dentro de minha dimensão, não deixando que nada de diferente aparentasse. Dei respostas esperadas à sociedade e escutei os monólogos simulados dos meus amigos.

Já em casa, a sala sozinha, as panelas sujas, os planos de aula incompletos e a cena vivenciada, à tarde. Nada de diferente.

sábado, 6 de setembro de 2014

VERSÃO GAY DE STAR WARS?


Vocês já assistiram a um curta metragem chamado “Love Wars”?
O curta, dirigido por Vicente Bonet, é uma das tantas paródias do universo “Star Wars”. O filme mostra o encontro entre dois Stormtroopers, guardas imperiais da saga “Star Wars”. Ambos iniciam uma DR (discussão de relacionamento) – um querendo assumir o romance publicamente, enquanto o outro não quer revelar a sua verdadeira sexualidade.
O diretor espanhol utilizou a saga de George Lucas para chamar a atenção do público e discutir as seguintes polarizações: o gay libertário e o gay conservador. Em entrevista ao portal UOL, durante o Rio Festival Gay de Cinema, ele relata que pretendia refletir sobre essas duas visões opostas, "Há muitas pessoas que, apesar de serem gays, ainda são muito conservadoras, o que acaba limitando seus relacionamentos.”
Esse curta é importante, pois leva as pessoas a refletirem sobre a sociedade que ainda é muito tradicional e moralista.





segunda-feira, 1 de setembro de 2014

SOU

Eu sou a Puta da Via Expressa
Eu sou Gabriela Leite
Eu sou João Nery
Eu sou Maria
Eu sou os meus livros
Eu sou os meus discos
Eu sou as bichas alegóricas
Eu sou a mulher derramada
Eu sou a metástase da sociedade conservadora.




domingo, 31 de agosto de 2014

EM QUALQUER PREDICADO


Cansei de ser o sujeito paciente das suas orações.
Passivo, no sexo!
Nunca agente da passiva.

Preciso de me integrar ao seu objeto direto,
Sem sintagmas preposicionados.

Quero me esfregar nos seus termos acessórios!

Me mostre o seu aspecto.
Me apresente todas as suas variações.
Não se preocupe com os pronomes átonos.
Sem normas, meu bem!

Te subordino
Ou
Seremos,
Para sempre, 
Orações coordenadas adversativas.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

SEM MAIS

Assim aconteceu: eu me vesti de mundo e fugi de você. Meu bem, já esclareço que optei por vocativos excessivamente EXTREMADOS para dimensionar educadamente a minha ironia, pois enquanto escrevo escorre peçonha pelos meus dedos.

Foram anos doados e nenhum donativo. Entreguei-lhe sentimentos e nacos de alma.  
O primeiro passo foi fazer com que a minha família ficasse em segundo plano. Você chegou ocupando espaço em demasia no meu disco rígido, deixando poucos gigas para meus pais, irmãos, tios, sem contar o ciúme que você fazia questão de demonstrar quando meu primo se aproximava. Era só primo, meu lindo primata!
Como se não bastasse, após a interferência primordial, você começou a se importar com os meus vestidinhos curtos e com as minhas pernas que dançavam sobre os patamares do seu ego. Hoje, até acho que essas atitudes eram reflexo de seu forte narcisismo. Um tanto homossexual, não acha, meu bípede preferido?!
Família, amigos, meu figurino, meu corpo... Eu poderia enumerar todos os malefícios que você me causou, entretanto escolho terminar mais ou menos por aqui. Prefiro ser concisa nas minhas declarações.  Há meia hora queimei os seus presentinhos, as fotos, até a minha calcinha de renda vermelha que você, provavelmente, deve ter batizado com água de Pomba Gira.
Seu eu pudesse cortaria a sua língua da mesma maneira que você amputou, gradativamente, o meu direito de ser mulher. Saiba que até a tatuagem com o seu nome eu cobri com o amor próprio.
            SEE YOU IN HELL! XXX
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